Ter como primeiro amor a sua professorinha de
primário.
Este amor será para sempre.
Descobrir que sexo e amor tem tudo a ver,
assim como que
o sexo não é para sempre,
e o amor é menos que a amizade.
Ler todos os livros que lhe caiam nas mãos,
bem como todas as músicas que lhe chegavam aos
ouvidos.
Ver todos os filmes, curtir todos os amigos,
amar todos os amores.
Entrar na faculdade sem saber o curso que se quer
cursar.
Abandonar o primeiro curso;
concluir o segundo;
e, adiar, para depois dos quarenta,
o curso que você sempre quis fazer
e não sabia, quando tinha dezoito.
Provar o álcool, a maconha e,
quem sabe, outras drogas ilícitas –
não se julgue por isso -
e descobrir que os bandidos, os marginais,
os maconheiros,
somos nós mesmos.
Não ter uma religião e odiar as outras.
Se possível semear o agnosticismo que,
com certeza nos levará ao ateísmo,
que é a estrada para a liberdade e a tolerância.
Saber quem são os seus artistas preferidos,
citar os melhores dez romances que já leu,
declamar seu poeta mais amado,
cantar a canção do seu Chico mais querido.
Ter na ponta da língua aquela canção que te faz
chorar,
bom ou bêbado, bem acompanhado ou sozinho.
Lembrar do seu primeiro porre, da sua primeira
transa,
do seu primeiro fracasso amoroso e,
assim, semear a certeza de que somos humanos,
irmãos, falhos, iguais.
Não definir as pessoas por sua riqueza ou posição
social,
mas por seu caráter, por seu amor a humanidade,
seja ela branca, negra ou azul; gay, lésbica ou
trans;
baixinha, barriguda ou portadora de deficiência.