quarta-feira, 23 de setembro de 2015

LEITURA DO POEMA

Ler om poema
com olhos de gato,
à procura do que  não está.

Essa a função do leitor,
recriando o texto,
inflamando novo sopro à alma.

Eis que o autor
se renova a cada leitura,
a cada novo olhar crítico.

Eis que o poema se eterniza
como uma escultura em mutação
de cores, de formas, de conteúdo.




Musicada por Climério Filho
Gravada em 2002
CD "Maracatu pra ela"



quarta-feira, 16 de setembro de 2015

VITÓRIA


Desejar teu corpo, amada,
       como deseja o homem, eternamente,
       a liberdade.

Vazar teu corpo, amada,
       como a lança ao guerreiro
       em batalha.

Lutar com teu corpo, amada,
       em luta greco-romana
       e tu, vencida, te possuir.

Saciar-me em teu corpo, amada,
       como um sedento
       já nos braços da morte.



Musicada por Climério Filho
Gravada em 2002

CD "Maracatu pra ela"
https://www.youtube.com/watch?v=0QuAyo7vf5w

quarta-feira, 9 de setembro de 2015

IMAGENS


Flui o tempo por entre nossos corpos,
nada mais há que possa nos separar.

A chuva,
as vidraças salpicadas,
estes móveis, espelhos e músicas,
este quarto de hotel barato
são imagens que se diluirão
e que, para nós, não existem.

Só o tempo entre nossos corpos.

Só as tuas formas,
o teu calor,
a tua imagem final.

quarta-feira, 2 de setembro de 2015

O PRIMEIRO SENTIDO


Fazer de tua boca
      minha taça,
e nela beber o vinho de tua
       saliva,
de tua língua, de tuas sedes.

Um só gosto, um só paladar,
       nos tornaremos um só prazer.

Através de mimtu te sentirás.
       Explodirei em ti
       e me sentirei
       molhado, molhado, molhado
       até o afogamento.

Nos amaremos sobre as folhas
       que dançam a coreografia dos ventos.

A nossa dor será a dor da mãe
       que perde o filho.