quinta-feira, 26 de julho de 2018

DEBULHANDO MILHO

 

Água

Líquido: meu corpo:
clara, boia.

Terra

Pipoca uma palavra: pipocam palavras:
a ema cisca o milho: e põe o pó ema.

Fogo

Sol ardendo: meus olhos:
olhares aflitos.

Ar

Riso preso: represa.
Riso solto: abraço.

Milho

Beijo de língua: abraço d(e)amante.
Fome de vida: milho assado.

Homem

Sede e fome: o corpo.
Banzo e chamego: a essência.

Poema

Teus olhos azuis brilham na noite:
o gato, de botas? A gata, Christie?

Fome

Debulhando a vida: a fome.
debulhando o milho: a comida.

quinta-feira, 19 de julho de 2018

COMO FAZER UM POEMA

Egon Schiele

Primeiro, finja-se de morto,
distraído, o idiota da aldeia.
E como quem não quer nada,
agarre a perninha do poema.
Segure-a de leve, puxando-a com carinho.
Deite o poema no papel, sorria.

Balance o pequeno poema recém-nascido,
examine-o: cada letra, cada palavra, cada som, cada silêncio.

Banhe-o com a palavra solidariedade,
que só pode ser encontrada no vocabulário do socialismo.

Dispa-se de qualquer preconceito:
entregue-o ao leitor.

quinta-feira, 12 de julho de 2018

MÁ EDUCAÇÃO

 

Não dar bom dia a um colega de trabalho
ou ao vizinho do edifício, é pau...

Mulher que não perdoa um porre,
é phoda, né não?

quinta-feira, 5 de julho de 2018

CADA UM TEM SEU PREÇO?



A uns, talvez eu,
você,
apenas o prazer nos seduziria.
As cores, os sons, os gestos,
a pele na pele,
o álcool.