quinta-feira, 27 de junho de 2019

MOIRA

Não, não gostaria de ter sido infiel
às mulheres que amei,
às que me amaram,
às que não me amaram,
às que foram fieis,
às infiéis, mas não fui.
Em atos, pensamentos e repetições.
E a porra da culpa cristã, até hoje, me persegue.

Não, não gostaria de criança ter sido
acometido pela pólio, mas fui.
A depressão, inimiga traiçoeira,
não foi minha escolha.
Viver em uma sociedade capitalista
Foi o destino?
Não!
Que forças me levam ao álcool, às vaginas
E ao desespero?

Não, não gostaria de que meu pau
não mais subisse,
que minha libido tenha se esvaído
com as drogas que não me deixam deprimir.
Não, não gostaria...

Mas, parece-me que nada decido sobre mim,
Sobre minha natureza, meu sexo, meus terrores.

Será?

quinta-feira, 20 de junho de 2019

ACOLHIMENTO

Meu coração tem as portas escancaradas.
Entrem, avancem multidões,
Sou mãe, um berço e vos acolho.
Sou negro, bicha, deficiente.
Sou inteiro e múltiplo,
Em mim todas as virtudes e defeitos.
Em mim toda a humanidade.

quinta-feira, 13 de junho de 2019

AMOR LÍQUIDO

Minha origem: água.
Torno-me líquido ao mergulhar em ti.
Da água vim,
Para ti voltarei?
E o amor é líquido
como tua úmida vagina?
Mãe oceano?

quinta-feira, 6 de junho de 2019

NATHÁLIA, O POEMA

Quando penso em você
Todo o meu corpo,
Todo o meu ser,
É só sorrisos e felicidades.

Às vezes me questiono
Como sobrevivi tantos anos
Sem te ter, te tocar, te morder?
E nunca chego a responder-me.

Juntos somos apenas um,
- um coração, um olhar, um gozo.
Separados metades de um imã
Que, ao movimento contrário, se atraem.

Abraçados penso que nossos corpos,
Templos de desejos e de amor,
Fundem-se numa única escultura
De intensos sobressaltos e orgasmos.

Por fim, nosso único medo,
Nossos mais intensos pesadelos,
É perdermos-nos, no mar da vida, sem bússola,
Sem vela, sem vento...
Deixarmo-nos de ser um inteiro.