quinta-feira, 25 de janeiro de 2018

A FOTO



Não, não sou eu nesta foto
na parede.

Achei-a na net,
embora a mesma me represente.

Se bebo? Por causa da foto?

Sim, bebo, pouco para o que era o meu desejo,
mas muito para os que estão perto de mim.

Afinal, se não podemos agradar a todos,
agrademo-nos! 

quinta-feira, 18 de janeiro de 2018

ONDE MORA O AMOR?


Na infância aprendi que o amor
morava em meu coração
e vinha de Deus.

Deveríamos amar pai e mãe, a família,
a liberdade, a pátria, os mais velhos,
os inválidos.

Fazendo o Ensino Médio
descobri que o amor vem do cérebro
e nada mais é do que reações químicas.

Na faculdade, estudando teologia,
conheci os argumentos filosóficos
a favor da existência de Deus,
mas também os contra a existência do mesmo “Deus”.

Pirei!
Misturei filosofia com cachaça,
história com maconha,
crenças com poesia.

Aprendi que amar a família 
é uma das características de vários animais.

A pátria é demarcada por urina
por algumas espécies de mamíferos.

Velhos e desvalidos
são protegidos por manadas de elefantes
e grupos de primatas:
neste ponto vim a perceber
 
que o que chamamos de amor
é muito pequeno diante das atitudes
solidárias dos macacos e elefantes,
estes sim entendem o que é o amor.

Os mais velhos no capitalismo ou são predadores,
- banqueiros, financistas, generais, chefes de cartéis de drogas –
que não merecem respeito de ninguém,
ou caça: os trabalhadores, a quem devemos ser solidários,
inclusive na luta, inclusive na revolução, inclusive na resistência.

O tempo urge, ruge, foge.
Aos 50 anos tenho menos certezas
do que tinha aos 12, 15 anos
- talvez fosse melhor ser um porco, que achas Platão?
Mais feliz! Talvez!

Quando me perguntam, ou me pergunto,
 
onde mora o amor?
Olho em volta de mim
e vejo apenas os párias
os desvalidos, os esquecidos,
os abandonados, os invisíveis,
 
os indesejáveis, os violentados, os injustiçados
em seus mínimos direitos, em suas mínimas necessidades.

Respondo:
não sei onde mora o amor,
sequer sei o que é o amor.

quinta-feira, 11 de janeiro de 2018

A ATRIZ


Ao olhar o branco de tuas faces e sorrisos,
transmuto-me em nuvens carregadas de elementos:
o ar, a água e a energia, filha da perfeita respiração,
além da beleza, aos olhos sempre apreciada.

Ao descer dos montes, a terra, a terra vira poesia.
Mas bem que a visão, sempre influenciada por crenças, medos e fantasias,
não é o melhor dos sentidos, 
que a nós foi oferecido pela natureza,
para te perceber em profusão.

Andarilho, poeta, marginal, saltimbanco sem talento,
busco achar uma janela aberta em teu flanco desguarnecido,
saltá-la, para, tu desprevenida, assaltar teus sentimentos.

Os segredos e tesouros mais valiosos,
não precisam ser escondidos em cofres de ferro, que derretem,
em baús de madeira, que apodrecem,
em tumbas com maldições e venenos, mesmo assim sempre violadas,
devem apenas ser deixados de lado, ao relento, e num sorriso disfarçados,
porque a ganância cega os olhos e a mente do pior dos bandidos amaldiçoados.

Tua graça e beleza sem parâmetros
estão guardadas no invisível mundo etéreo das essências
onde mora tua alma, numa imensidão de desconhecidas e prazerosas emoções.

Entre alegorias esvoaçantes, amores, sonhos secretos e quereres, nem sempre percebidos,
juntam-se alegremente pequenos t(r)emores, ao palco, à atriz, à fala, ao êxtase sempre procurado:
criar o personagem perfeito, assim como do barro Deus moldou Lilith e de uma de suas costelas,  Adão, o seu amado.

quinta-feira, 4 de janeiro de 2018

BELITA



Tenho saudades da tua risada;
dos teus beijos;
do teu corpinho branco, nu;
do teu biquinho quando gozas.