quinta-feira, 18 de janeiro de 2018

ONDE MORA O AMOR?


Na infância aprendi que o amor
morava em meu coração
e vinha de Deus.

Deveríamos amar pai e mãe, a família,
a liberdade, a pátria, os mais velhos,
os inválidos.

Fazendo o Ensino Médio
descobri que o amor vem do cérebro
e nada mais é do que reações químicas.

Na faculdade, estudando teologia,
conheci os argumentos filosóficos
a favor da existência de Deus,
mas também os contra a existência do mesmo “Deus”.

Pirei!
Misturei filosofia com cachaça,
história com maconha,
crenças com poesia.

Aprendi que amar a família 
é uma das características de vários animais.

A pátria é demarcada por urina
por algumas espécies de mamíferos.

Velhos e desvalidos
são protegidos por manadas de elefantes
e grupos de primatas:
neste ponto vim a perceber
 
que o que chamamos de amor
é muito pequeno diante das atitudes
solidárias dos macacos e elefantes,
estes sim entendem o que é o amor.

Os mais velhos no capitalismo ou são predadores,
- banqueiros, financistas, generais, chefes de cartéis de drogas –
que não merecem respeito de ninguém,
ou caça: os trabalhadores, a quem devemos ser solidários,
inclusive na luta, inclusive na revolução, inclusive na resistência.

O tempo urge, ruge, foge.
Aos 50 anos tenho menos certezas
do que tinha aos 12, 15 anos
- talvez fosse melhor ser um porco, que achas Platão?
Mais feliz! Talvez!

Quando me perguntam, ou me pergunto,
 
onde mora o amor?
Olho em volta de mim
e vejo apenas os párias
os desvalidos, os esquecidos,
os abandonados, os invisíveis,
 
os indesejáveis, os violentados, os injustiçados
em seus mínimos direitos, em suas mínimas necessidades.

Respondo:
não sei onde mora o amor,
sequer sei o que é o amor.

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