quinta-feira, 29 de junho de 2017

SEXTA-FEIRA GORDA


                                          Para Francisco Alves Soares, o Pena Branca

Caminhava
Baco acompanhado de seu amigo Silênio,
o sátiro,
e do poeta Manuel Bandeira.

O carnaval explodia,
sexo, poesia, éter,
mulheres seminuas dançavam
e o homem era feliz.

De repente, criaram a culpa
e, do púlpito de um templo,
Platão e Paulo
assassinam Baco.

Mas o seu Juiz estava para nascer:
Friedrich Nietzsche.           

quinta-feira, 22 de junho de 2017

TEORIA OU DÚVIDA

 

Para quantas pessoas no mundo
é importante conhecer a estrutura de um romance?

Quais as formas possíveis de um poema?

Para a maioria das pessoas do mundo
é importante pensar filosoficamente?

O mundo é feito para a maioria
ou para a minoria?

Onde está a verdade?
Na massa? Na Democracia?

Onde está a verdade?
Na minoria?
Ou no ditador?

Onde está a loucura?
Na poesia?

quinta-feira, 15 de junho de 2017

A VINGANÇA DO POETA



Para Roque Braz Filho

Poesias vêm e vão
como o amor,
pássaro a bicar teus grãos,
ônibus de linha,
dor de barriga,
a colegial de pernas grossas
que todos os dias desfila
em frente ao Bar 13 de Maio, de seu Hélio.

Poesias vêm e vão,
não te preocupes,
não te desesperes,
se hoje as perdes,
amanhã te chegarão:
que nos importam as musas?

quinta-feira, 8 de junho de 2017

VOCÊ ME MOSTRA UM ÁS


Você me mostra um ás,
a maior carta do jogo.

Fico sem saber o que fazer.

Fosse um jogo de xadrez,
seria xeque-mate,
mas não é um jogo,
e sim apenas a vida.

Ficamos trocando cartas,
enquanto a morte não vem.

(Está pronto, seu lobo?)

quinta-feira, 1 de junho de 2017

VOO


Voo sempre em direção
a ela,
tentando tocar com minhas
mãos
a mão desta arte:
a Poesia.

Mas ela dá voos rasantes,
Enquanto eu mal consigo
me pôr sobre as pernas:
pesa
a força da idade
e da poliomielite.

Mas o que mais pesa
mesmo,
de um peso descomunal,
titânico,
é o peso da incerteza:
o
 destino final!