quinta-feira, 1 de agosto de 2019

DE RITUAIS E COSTUMES

Quando eu morrer
nenhuma virgem jogará flores
em meu túmulo.

Nunca me relacionei bem com virgens,
que são mulheres ainda em gestação,
prefiro as mulheres já nascidas.

Serei cremado.
Sei que é menos poético,
mas, é mais higiênico.

As minhas cinzas joguem onde quiserem:
que não sejam entregues a nenhum fumante,
nem as guardem em túmulos bibelôs.

O mar seria um grande abrigo.
Mas também o campo. Talvez ao ar,
onde se dissiparão todas as dúvidas e dores.

Por fim, meu testamento não deve ser cumprido.
Se em vida minhas vontades foram reprimidas,
por que na morte me darão prazeres e voz?

Há de ter coerência toda a existência,
mas, também a sua ausência. O tudo e o nada
fazem um belo casamento, inclusive na morte.

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