quinta-feira, 26 de outubro de 2017

AOS DEZ ANOS DE IDADE

"Mas havia o sol da manhã e o rum
que eu sabia vinha de Cuba
junto com uma grande dose de igualdade."


Aos dez anos de idade,
o meu mundo ainda era azul,
apesar da poliomielite que aos poucos
enegrecia meu coração,
transformando minhas pernas em fardos
e em poesia as de Garrincha.

Baleias, também azuis,
navegavam na minha imaginação
e nos mares de Pontas de Pedra e Gaibu.

Pensamentos, palavras, mulheres nuas
e o frevo me esquentavam a alma
junto com marchinhas de carnaval.

E as colchas de retalhos de Vó Lídia
esquentavam minhas pernas
nas noites frias de minha vida.

Mas havia o sol da manhã e o rum
que eu sabia vinha de Cuba
junto com uma grande dose de igualdade.

E tudo enchia os meus olhos e a minha vidinha:
mulheres de verdade desfilavam de biquínis
e elas enchiam meus olhos
e me torturavam de desejos.

Era doce a vida, era doce o mar,
ainda não havia a desilusão do amor,
da amizade e da política.

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