Beber
um copo d'água no escuro
–
ou de olhos fechados –
e
se transformar em um rio não sagrado.
Banhar-se
sempre que estiver cansado,
descarregando
tonelada de dores
que
habitam o corpo e as memórias.
Dormir
com a pessoa amada
sem
precisar fazer sexo
ou
se preocupar por não fazê-lo.
Acordar
com o cheiro de um bom café,
servido
na sua xícara proferida,
cantarolando
aquela canção do Chico.
Trazer
a mente, sempre e quando quiser,
as
lembranças da infância, principalmente
aquelas
vividas junto ao mar.
Recordar
um amor não correspondido e sorrir,
lembrando
que toda dor,
mas
também toda felicidade, são passageiras.
Não
ter inimigos pessoais, mas,
lutar
sempre pela justiça e pão,
mesmo
que isto gere inimizades e perseguições.
Deixar
que as conversas com os amigos, os bêbados
e
os poetas, sejam regadas a cervejas geladas
e
acompanhadas de versos de Bandeira à maneira de ponche
Embriagar-se
nos sorrisos dos netos
neófitos
para o sofrimento
e
famintos pelo aprendizado.
Morrer
sem deixar nenhuma grande tarefa inconclusa,
por
isso abuse sempre do amor, e se manter longe do engodo
que
são as religiões e as mentiras, fábricas de ódio.