quinta-feira, 16 de maio de 2019

O POEMA E A SOLIDÃO

Fazer poemas é uma arte solitária,
e o poeta que não é lido,
disseram-me, a alma vai para o limbo.
Será?

Nunca tive na vida talento para nada,
terei na morte?
Não sei, não sei...
Duvido.

Meu pai me queria doutor,
médico ou juiz,
como são engraçados os pais.

Tornei-me,
para desespero de minha alma,
comunista,
mas nunca tive carteirinha.

Quem recebe a maior maldição,
O comunista ou o ateu?
O alcoólatra ou o poeta?
Sou tudo isso e mais algumas coisas.

Queria-me músico,
não fui, não tinha talento.
Bailarino,
não pude, a pólio não me deixou.
Quantas impossibilidades!

Restou-me, para viver,
ser servidor público: prostituto.
Mas, claro, sempre com a ajuda do uísque.
Calma,  Maiakovski, da vodca também!

Quem não vive sem uma muleta?
Ou sem uma cadeira de rodas?

Cansei da solidão,
vai-te embora poesia! Grito.
Mas ela se faz mouca.

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