Fazer poemas é uma arte solitária,
e o poeta que não é lido,
disseram-me, a alma vai para o limbo.
Será?
Nunca tive na vida talento para nada,
terei na morte?
Não sei, não sei...
Duvido.
Meu pai me queria doutor,
médico ou juiz,
como são engraçados os pais.
Tornei-me,
para desespero de minha alma,
comunista,
mas nunca tive carteirinha.
Quem recebe a maior maldição,
O comunista ou o ateu?
O alcoólatra ou o poeta?
Sou tudo isso e mais algumas coisas.
Queria-me músico,
não fui, não tinha talento.
Bailarino,
não pude, a pólio não me deixou.
Quantas impossibilidades!
Restou-me, para viver,
ser servidor público: prostituto.
Mas, claro, sempre com a ajuda do uísque.
Calma, Maiakovski, da vodca também!
Quem não vive sem uma muleta?
Ou sem uma cadeira de rodas?
Cansei da solidão,
vai-te embora poesia! Grito.
Mas ela se faz mouca.
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