Quem é este que me olha do
espelho
às seis da manhã
com os olhos ainda encharcados de
sono?
De repente brincava de pião com
os amigos de infância,
agora vejo, no reflexo do
espelho, um homem cansado e incrédulo:
a face com rugas em que navegam
sonhos não realizados.
O rosto no espelho me olha e
pergunta-me quem sou.
Ontem, menino enamorado de minha
primeira paixão,
hoje, avô e pai do meu pai a quem
vejo, cada vez mais, em mim mesmo.
Espelho, por que não me avisaste
que os anos passavam sem que eu percebesse?
Como? Me dizes que dia a dia me
mostrasses o meu caminho sem volta?
Não vi, não percebeste? E o
espelho sorrindo: “Agora é tarde! Agora é tarde!”.
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