quinta-feira, 25 de outubro de 2018

CESTA DE MAÇÃS

Fumo e bebo em busca do êxtase.
Nada se cria venerando Apolo.
Meu sangue é música e sexo.
Cigano, tenho por prisão o meu trabalho.
Burocrata, dignifico o capital.
Ah! a grande noite cai sobre a liberdade,
e ela é tão pesada.
A burguesia não apenas fede, ofende e mata.
As morais religiosas me causam vômitos, às vezes risos.
Mas prefiro os vômitos.
Por que devo assinar um contrato de fidelidade?
Amo o meu amigo sem precisar ir ao cartório.
A monogamia é monótona pra caralho.
E na monogamia o caralho não sobe.
O tempo não para, mas o relógio sim.
Por que não bate logo as dezoito horas?
Chega de renascimentos,
que venha rápido a imperfeição.
Raul, hoje comprei uma cesta de maçãs.
O ruim é esta sensação de culpa,
herdada das lições de cristianismo;
uma azia constante
e a porra da gordura no fígado.

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