Como é líquido o bebo.
Mas se fosse sólido e maleável
aos dentes o comeria.
Pedra? O destroçaria até o ponto
de consumo.
Éter? Viajaria em sua órbita
junto com minha solidão.
Ah o álcool e suas fantasias!
Já fui mouro, capitão, menino de
recados, marinheiro,
bandido perigoso procurado pela polícia,
um Lúcio Flávio,
um Mordido do Porco.
Viajei com Cervantes, Dom Quixote
e seu fiel escudeiro, o Sancho Pança,
onde nos confraternizamos com
Júlio Verne e Isaac Assimov.
O álcool, conhecido por todos os
povos, junto com a nefasta religião.
Sem o álcool, sou um funcionário
público de oitava categoria,
tentando entender o mundo através
dos livros, da música e da poesia;
da mediocridade, que alguns
chamam de meritocracia, dos amigos e das mulheres, todos perdidos.
Sem o álcool encontro o nada, sou
o nada, busco o nada:
na solidão, no pulo do décimo
sétimo andar.
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