Todas as
sextas-feiras,
aos finaizinhos das
tardes,
assomam em mim
vibrantes explosões da alma.
Serão também explosões
do corpo?
Um enxame de flores,
sensações e insetos,
desembocam num rio que
trago escondido no peito.
Apenas Emília,
amor maior da minha
infância, teve acesso às suas águas.
Mas Emília,
branca como um anjo de
uma asa só,
morreu...
Um dia, depois ler
Kafka,
tomar uma limonada e
sonhar:
transformou-se em
pássaro.
Um pássaro mais lindo
que o amanhecer em
Pontas de Pedra;
mais lindo que os
sorrisos
de Claras, Rosas,
Lourdes...
Inebriante pássaro,
mais lindo que o próprio sorriso de Emília!
Mas uma noite,
enquanto cantava,
um gato a devorou...
Meu Deus...
Apenas Emília e o mar
faziam-me felizes.
Nessas horas, nesses
instantes de lembranças, saudades e medos,
vibro-me, uma corda
retesada, um epilético,
um quase morto.
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