No tempo de minha infância,
os poetas eram todos
mortos
e os poemas, seus fantasmas,
que só poderiam ser
encontrados
em antigos castelos.
Mas, como os livros
têm pernas e desejos,
um dia acabei topando com um,
como uma pedra no meu
caminho.
E hoje a poesia me é
tão íntima
como um homem e suas
memórias.
Às vezes, como
quaisquer amantes,
nos desentendemos
e ela me bate na cara,
abandona-me durante
várias
noites e dias,
entre a insônia e a
febre do álcool,
mas eu não ligo.
Às vezes, como costumam
fazer
os amantes,
nos enroscamos
e sobre o papel
de meus velhos
cadernos
surgem rebentos,
pequenos poemas,
fadados, sei, a não
grandes coisas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário