terça-feira, 31 de maio de 2016

LEMBRANÇAS


Teus olhos continuavam quase da cor do mar.
Como se mudassem a cor dos olhos.
O que muda, sim, é a lembrança.

Não havia mais aquela promessa de amor
em teu rosto.

Vago,
o vento anunciava a tua plenitude.
Ah a seda de tuas faces!
Ah a fibrosa carnosidade de fruta de tua boca!

Imaginei teu hálito.
Quem me dera poder...
Qual deus permitiria senti-lo
novamente em meu rosto.

Ah o fresco hálito do teu respirar!
Ah o transpirar do teu corpo!

Ah a beleza! A tua beleza.
A extrema beleza física que irradias.

És como o fogo ou o sol,
cegas a quem te admira.

E pensar que toda aquela beleza
a tive em minhas mãos,
em outras épocas,
em que também havia a estupidez.

E pensar em toda aquela beleza
em minhas mãos,
mãos que hoje choram,
sim, choram as mãos,
cala-se a boca,
e os olhos não creem.


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