quinta-feira, 17 de janeiro de 2019

EIS O POEMA!


Um poema se faz,
não com a essência da alma,
mas com matéria do corpo
aquela que apodrece.

O tempo lambeu-me.

De repente tinha dezoito anos,
daqui a pouco trinta e seis,
dormi, e ao acordar,
fiz cinquenta e dois.

Ah! Esta matemática divina.

O cheiro de canela da morte.
As amizades de fumaça.
Um canto que não consigo identificar.

Sais, preciso de sais,

meu corpo lasso,
minh'alma inexistente,
todos os meus pesadelos.

O espelho não mostra os meus desejos,

apenas as minha frustrações.
A fome, a guerra. 
O sexo insaciável,
apesar da velhice,
do ridículo.

Incenso de
 cannabis,
orgasmos múltiplos,
música e lembranças: 
eis o poema!



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