quinta-feira, 14 de junho de 2018

TRANSEXUALIDADE


Sei que não deveria,
que deus com certeza me condenará.
Mas o que posso fazer?
Sou assim desde o início,
dos tempos de infância,
da cruel adolescência,
sempre fui e serei assim:
desde o início, até o fim.

Os meus amigos me rejeitarão,
os meus colegas de trabalho,
tão fúteis e hostis,
em suas viagens à Disney e a Miami,
falarão de mim,
apontarão seus dedos religiosos,
e rirão, rirão de mim.           

Alguém, um dia, com certeza me apoiará.
Porá a sua mão na minha mão,
dirá palavras de carinho e incentivo.
Sofrerei até lá.
Mas não posso, nem mais por um minuto,
esconder a minha essência,
a minha programação genética.
Assim me fez a natureza,
que posso contra ela?

Sim! Gritarei do mais alto púlpito: eu sou lésbico!
Não queria,
meus pais não queriam,
meu deus invisível não queria,
mas fui possuído por esse desejo
que é maior que o meu desejo.

Sou lésbico: adoro uma buceta!
Suas formas, seus pelos, sua pele de textura enrugada,
seu odor, cheiro, as suaves sensações,
sensíveis ao paladar.

Adoro uma buceta!

Adoro uma calcinha molhada,
uma coxa arrepiada,
as pernas em flagrante tentativa inútil de resistir:
aos meus dedos, a minha língua, ao meu pau.

Adoro uma buceta!

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