quinta-feira, 24 de agosto de 2017

EXISTIMOS OU SOMOS APENAS SONHOS

                                  
Existimos ou somos apenas sonhos
de um deus adormecido?

A dor que ora sentimentos
é mais forte aqui e agora
ou nos persegue com a mesma intensidade
quando sonhamos?

Mas sonhar é fundamental.

Mas viver é fundamental,
embora nem a todos a vida seja permitida.

Não sonhássemos e não existiriam
os gigantes;
não sonhássemos e não existiriam
Cervantes e seu Dom Quixote;
não sonhássemos e a vida não teria o sabor da aventura:
descer das árvores e andar ereto;
a roda;
enfrentar os mares e suas serpentes;
voar com Santos Dumont
ou nos poemas de Bandeira.

Não sonhássemos,
e o desespero nos abateria,
como nas guerras uns homens abatem outros.

Não sonhássemos,
não haveria a esperança da liberdade.

Liberdade! Não em uma democracia que se fundamenta no consumismo
(Homens, consumam e eu vos devorarei!),
mas em uma sociedade em que houvesse justiça,
sem rótulo, sem etiqueta,
(Ouves, Poeta?)
uma sociedade que talvez seja apenas sonho,
mas o sonho é matéria-prima da realidade,
sendo o contrário também verdadeiro.

Sonhar,
com um mundo sem fome e sem dores,
onde as eleições e as sentenças não sejam mercadorias,
onde as classes sociais não existam,
onde negros, brancos, amarelos, vermelhos,
qualquer outra cor que exista formem um arco-íris;
sonhar
um mundo sem guerras, um mundo sem ódios,
um mundo sem Bush, sem Ariel Sharon,
sem Fujimori ou FHC:
um mundo sem a poliomielite!

Sonhar, enfim, com a flor azul de Novalis
e uma imensidão de mulheres nuas.

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