Esta canção nasceu,
não da vontade de ser eterno,
pois que em nome desta
vontade
muito se morreu e
muito se matou.
Nasceu da leitura de
vários poemas,
que ler sempre será
uma forma de nos alimentar.
Nasceu da leitura de
um poema
cuja autoria é
atribuída a Borges,
no qual o que ele
menos queria
era ser Borges de
novo.
Nasceu da leitura de
Um Livro Aceso e Nove Canções Sombrias,
de Joaquim Cardozo.
Nasceu da leitura de
Manuel Bandeira,
em livro de bolso
emprestado pelo primo Ítalo,
no terraço da casa de
Gaibu,
saudades terríveis,
iguais somente
àquelas que certas
mulheres nos causam.
Nasceu, não da vontade
de ser poeta
e conquistar todas as
minhas amigas
com belos versos de
amor,
que isto é muito
pouco.
Nasceu, sim, daquela
suprema vontade
que nos faz sentir
vivo cada vez que uma palavra,
cada vez que uns
versos são encaixados uns nos outros,
como perninhas de
grilos, diria Quintana,
quando com palavras
conseguimos transpor aquele momento
entre o caos, ou mesmo
o nada, e a arte.
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