Contemplo longamente a
noite,
como a mãe que vela o
filho.
As estrelas brilham.
Não há lua
que se derreteu
em leite e melancolia.
Mas o que mais vejo
ou quero ver, na
noite,
são teus olhos que não
me olham,
mas não apenas eles:
tua boca que não
sorri,
teus cabelos de um
castanho-do-Pará,
teu hálito que mistura
hortelã
e saliva...
O gosto de tua saliva.
Procuro, através do
poema,
compor teu corpo,
de fragmentos,
de lembranças,
mas tuas roupas...
És como uma esfinge
sob elas,
decifro-te ou não te
possuirei.