Os poemas estão
intactos
em algum canto do
universo,
letra a letra,
espaço a espaço,
palavra a palavra,
como se unidos por um
fio
invisível,
prontos para os
partos.
Velam-nos com um
cinismo
e um sadismo
a toda prova de
comparações.
Observam-nos
quando pensamos que os
observamos.
Dão-se-nos pouco a
pouco,
como água
a quem por muito tempo
ficou sedento,
o bastante para que
não cheguemos
à loucura.
Os poemas têm nas mãos
as nossas vidas.
Ser poeta é uma
maldição.