quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

MEU PAÍS

"O céu é o meu tecto, a terra minha pátria e a liberdade a minha religião." (ditado cigano)

Da janela do meu apartamento
        Vejo meu país 
Mês de setembro, a chuva cai forte,
frente fria vinda de São Paulo,
segundo andar.

Escuto vozes:
Simone, Gal, Elis.
Mas também as vozes dos operários
       que pedem salários melhores,
       mães que choram por leite para seus filhos,
vozes fracas que pedem justiça e pão.

E, nas tardes imensas como desertos,
             em que a certeza do tédio
             é pior do que a da morte,
o tempo muda
parecendo mais lento
como o calor ou a tortura. 

Exilo-me
nas cavernas de minhas cáries,
no salário de funcionário público federal,
             a alma mofando entre velhos arquivos
             de papéis e desejos
e a vida lá fora a correr sob o sol.


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