quinta-feira, 28 de maio de 2020

POEMA PARA LUIZA

A primeira, e única vez que vi Luiza,
Deslumbrei-me!

O que primeiro me chamou à atenção
Foi o sorriso largo e sincero.

O corpo magro, quase adolescente,
Seios fartos... Linda! Lindos!

Morrerei sem nunca mais rever
Luiza?

Como amei essa mulher.

Um homem velho, quarenta anos,
Indefeso ante uma menina com metade da sua idade.

Desde o primeiro momento que te conheci
Te desejei, mas não um desejo efêmero
Mas, si, um efêmero desejo.

quinta-feira, 21 de maio de 2020

NUA ENTRE VASOS DE PLANTAS

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Nua entre vasos de plantas
Só de calcinha e sutiã
Perdida na sala de meu apartamento.
As janelas abertas
Prováveis voyeur nos olhando.
Do sétimo andar
Nos filmando
Nos jogando no youtube.
Plantas verdes, jarros marrons
Roupas íntimas brancas.
Minha ex-namorada não gosta de vermelho,
prefere preto.
Na sua calcinha bordou sábado
Quantos sábados serão ainda necessários?
E a namorada que não chega?
E a namorada que não existe?
Olho para as plantas em seus jarros
Você toda de branco
Só.
Um dia ela comeu uvas no meu umbigo
No outro sumiu numa nuvem que ria.
Dia deste misturei azul com vermelho
E deitei no sofá.
Abro-me
Numa cortina:
Começo o espetáculo.
Por que amar se o amor só leva a dor?
Apenas a dor nos acompanha
Em todos os momentos da vida
Comigo a natureza foi mais cruel ainda:
Sou todo dor.

quinta-feira, 14 de maio de 2020

SINAIS


Olha o povo andando
Feito gado,
Gado humano.

Em cada cara o horror,
Em cada rosto a ausência,
Não sabem se esperam o maná
Sinal divino,
Ou se vão lutando pelo pão
Sinal humano.

Não sabem que a vida é fazer-se
Tal a semente que se torna fruto
Tal a madeira que se torna clava,
É fazer-se,
O mundano e o divino,
O pão e o espírito,
A oração e o grito,
A morte e a sobrevivência.

Musicada por Cláudio Almeida
Gravada em 2002
CD "Maracatu pra ela"
https://www.youtube.com/watch?v=Cg6i1oShMtc

quinta-feira, 7 de maio de 2020

CIGARRA


Quando o canto sai inútil
Algo está errado com o cantor
Com a essência do canto
Ou dos ouvidos
Ou das mentes para quem se canta.

Como gestos inúteis
De quem se afoga no mar
Canto dia e noite
O meu amor por ti
Às tardes tiro para o descanso
Cigarro prestes a estourar.

Musicada por Roque Braz