quinta-feira, 26 de setembro de 2019

O VELHO FANTASMA DE EU-MENINO

O velho fantasma de eu-menino
teima em visitar-me,
justamente nas noites de minhas insônias.
Revisito amores, desejos e derrotas.
São minhas todas as lembranças,
só minhas, a mais ninguém interessa.

quinta-feira, 19 de setembro de 2019

NÃO AFASTE DE MIM ESTE CÁLICE

Não afaste de mim este cálice.
Quero bebê-lo, entorná-lo
até o entorpecimento;
Estou cansado da razão.
Venham a mim apenas os vinhos
E seus efeitos inebriantes.
Não sou Cristo, mas, Guevara.

quinta-feira, 12 de setembro de 2019

KOBANE, MEU AMOR!

Sempre me guiei pela justiça,
Mesmo sem saber o que a mesma significava.
Quando criança perguntava ao meu pai:
Por que todos não ganham iguais? Todos.
Não lembro da sua resposta.
Mas o meu olhar é justo, sempre o foi.
A justiça é o Norte, o meu Norte.

Sonhava em lutar na guerra civil espanhola,
E pensava: como nasci atrasado...

Mas hoje vejo Kobane.
Sonho com kobane: eu guerrilheiro pela justiça.

Meu corpo deficiente sonha com Kobane.
Aceitarão soldado já mutilado pela pólio?
Kobane é o meu poema, a minha luta, o meu sonho.

quinta-feira, 5 de setembro de 2019

A OSTRA


Invadiste-me tão rápido quanto uma dor,
não tive tempo de cobrir-te com minha madrepérola.

No entanto, fiz uma peruca com teus pelos,
esquecidos em meu corpo displicentemente pelo teu.

Travesti-me de ti e assim pude me amar
como nunca me amei.

Minhas saudades passaram a ser narcísicas.
Cada vez mais guardava-me do outro.

Tua ausência transformou-me numa enorme ostra
cheia de músculos e rancores.

Sou todo uma pérola de nácar gigante
de amor-próprio, solidão e desesperanças.