Gostaria de ser fiel.
Estou sendo sincero,
gostaria sim, muito.
a minha essência, é de
bandoleiro,
errante,
e meu coração e
cérebro se processam
Não, não, não,
não sou infiel à minha
família,
parentes ou amigos,
estou sempre presente,
podendo ou não
podendo,
curtindo ou me phodendo.
Não, não, não,
não sou infiel às
minhas convicções,
por nada abriria mãos
delas,
mesmo diante da morte
que é o nosso maior
bem,
talvez o único.
Não, não, não,
minha família, meus
amigos,
mesmo aqueles apenas
de mesa
de bar,
meus desejos, o
álcool, a poesia,
minha confiança total
no socialismo,
meu ateísmo que não
quer convencer
ninguém, mas apenas
viver em paz,
estão guardados,
dentro de uma caixa,
feita de diamantes,
e incrustada no meu
coração.
Não, não, não,
não posso colocar a
culpa da
minha infidelidade
apenas na genética,
ou posso?
A beleza, a arte, o
carinho, o encanto,
o mimo, o despertar
fazem renascer
a química do amor, do
desejo e do sexo.
Como gostaria de ser
fiel
- nem mesmo deus sabe
dos meus segredos -
pois ele não existe.
Talvez a arte, a
poesia, a visão,
o olfato, ah o
olfato...
Casado, não consigo
deixar de me apaixonar,
quase que diariamente,
por um poema
- ou uma mulher -
que sorri, que olha,
que passeia:
em busca de agrado, de
carinho, de amor, de felicidade.
Horror, horror,
horror!
- obrigado, Shakespeare
-
como gostaria de ser
fiel,
apesar de ser
leal.
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