Que importa que você seja
um ótimo poeta,
se, na vida,
no dia-a-dia concreto,
você é um
perfeito canalha?
Que importa se nos seus poemas
a palavra liberdade os impregna,
se, no trânsito,
você se torna
uma fera?
Se, ao entrar no elevador, não
sai da sua boca
um bom dia, mas nos seus versos você é
gentil.
Nada disso importa, a arte divorciada da
vida,
a arte longe do phatos Aristotélico,
de onde
vem a poesia – arché – não provém
também a cidadania?
Pegue os seus
livros e os seus
poemas
e os enfie garganta
adentro da sua
malvadeza.