quinta-feira, 18 de maio de 2017

CANTA PARA MIM, LIA


Canta para mim, Lia
as canções que só tu
e vó Lídia sabiam cantar,
que esta vida está
que é uma dor só.

O amor vai devagar,
enquanto os anos correm
a olhos vistos,
trazendo o desespero,
além, é claro, do reumatismo.

Medo tenho de que a solidão,
minha fiel companheira,
seja minha última paixão.

O corpo já não me obedece
as ordens sem reclamar,
o sexo que antes era prazer
hoje me traz pesadelos
e noites de insônia.

A poesia
(que seria a minha vida sem ela, Alberto?)
ainda me ocorre de momentos em momentos,
e é quase sempre feita de lembranças,
de reclamos, de detalhes, do que um dia fui.

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