quinta-feira, 27 de abril de 2017

POEMA DA QUASE PERFEIÇÃO


Se não mijássemos,
se não cagássemos,
se não peidássemos,
se não fedêssemos,
se não apodrecêssemos,
se não guerreássemos,
se não mentíssemos,
se não traíssemos,
se não mutilássemos
se não roubássemos,
se não fingíssemos,
se não fenecêssemos...
Que serezinhos arrogantes seríamos.

quinta-feira, 20 de abril de 2017

SOLIDÃO


Aquela figura que avisto à rua da janela
é ela?
Ou apenas a vontade de que ela exista?

quinta-feira, 13 de abril de 2017

O QUE MAIS DESEJO HOJE EM VIDA


O que mais desejo hoje em vida
é a morte.

Anseio pelo dia de minha morte
como o homem anseia o poder.

 de imaginá-la, chego a sentir um regozijo
igual ao gozo final quando faço sexo.

A morte em toda a sua plenitude.

O sono eterno sem a existência da manhã,
do nascer do sol, do relógio, da dor,
do medo, do amor, da fome.

Uma noite eternamente linda.

Não! Não posso conceber que haja
outra vida após a morte.

Uma única apenas  me é insuportável!

A morte, o nada em sua mais pura essência!
Tão bela quanto uma mulher nua,
(imagino a beleza despida de Belinda!)
a morte, o nada sacrilegicamente sem poesia!

quinta-feira, 6 de abril de 2017

ITALIANINHA


                                                                Para Rosângela, a Italianinha

Para onde caminhas com teu corpo branco como a neve?
O que levas em teu coração e em tuas mãos macias?

Tocar-te é saber que o prazer existe,
olhar-te é ter visões que só aos deuses,
aos poetas, aos loucos ou aos bêbados [1]
ousa-se revelar.

E que se passa em teu coraçãozinho?
Fosse eu um deus e te destinaria todas as razões
que fazem a felicidade.

Mas que posso senão adorar-te,
minha deusa branca?

Que posso senão sentir a tua pele, sorver os teus beijos,
rir o teu riso, sofrer com teu sofrimento?
Sou teu escravo, ordena-me e serei feliz.


[1] Obrigado, Sebastião Vila Nova.