terça-feira, 30 de junho de 2015

EL SALVADOR


Nos acampamentos guerrilheiros em El Salvador,
as balas norte-americanas
       são como as flechas do cupido:
apaixonam o povo cada vez mais
             por seu país,
             por sua liberdade.


terça-feira, 23 de junho de 2015

CAMINHOS


Por entre arcas trabalhadas com exóticos
              motivos,
chaves de ouro,
estranhas máscaras
             de deuses,
brasões de famílias
e fantasmas mal-amados,
chego a teu coração:
tão estranho como caminhos
             ‘nunca antes percorridos’,
             becos sem saída,
             pântanos,
             selvas,
             selvagens nus,
             belos corpos.

Tão igual como fadiga, mel, beijo, tédio
             e essas tardes infinitas.


terça-feira, 16 de junho de 2015

POÉTICA V

CHE GUEVARA

"É preciso ser duro, mas sem perder a ternura, jamais..." (Che Guevara)


Quero a poesia que denuncie as injustiças,
mas que não deixe de cantar o amor.

Quero a poesia que grite
com a força das veias estouradas,
embora o poeta pare e ouça
o canto azul dos pássaros.

Quero a poesia como um balaço no cão que sofre
de uma dor de merda, inútil.

Quero a poesia como a mão que afaga,
que ampara o rosto que chora,
que trabalha a massa
e divide o pão.

Quero a poesia que subverta as cabeças,
que pregue a luta,
mas que esta luta
não se faça com as armas do poder
e da ordem.

Quero a poesia
pura como coração de menino,
graciosa como guerrilheira,
viril como pétala, cristal.

Por isso tudo a cabeça do poeta
é uma bomba-relógio.

Por isso o corpo do poeta é magro.

Por isso é que o poeta sonha com a justiça
embora não tenha fé.

O poeta, gente, é um ser desesperado.


terça-feira, 9 de junho de 2015

A HISTÓRIA DE MINHA VIDA É BANHADA PELO MAR


A história de minha vida é banhada pelo mar,
de onde surgiram meus primeiros amores,
como sereias,
encantando-me com os seus mistérios.

Nesses tempos,
a dor só me vinha do mar,
propositalmente,
como busca os peixes no mar
o pescador com suas redes.



Musicada por Climério Filho
Gravada em 2002
CD "Maracatu pra ela"

terça-feira, 2 de junho de 2015

DO TEMPO


Do tempo passaríamos
             sem lembranças,
qual não fossem os espelhos,
             os relógios.

São simples brinquedos
             avisando
até a exaustão,
             o fim.


Musicada por Climério Filho
Gravada em 2002

CD "Maracatu pra ela"