quarta-feira, 30 de dezembro de 2015

NO AMOR, ASSIM COMO NA MORTE

Hipnos e Tânatos
No amor,
assim como na morte,
atingimos inimagináveis
alturas.

Aí vi o amor,
qual círio contra o vento,
tremer,
quando Tânatos
de nós se aproximou.


quarta-feira, 23 de dezembro de 2015

TEU NU, A QUE COMPARÁ-LO?

Nú Artístico
Imagem: Elo7

Teu nu,
a que compará-lo?
Se não me foi permitido
enxergar
mais do que
o comum dos mortais?


quarta-feira, 16 de dezembro de 2015

O TEMPO PERCEBEMOS



O tempo percebemos,
passa em vão,
quando o belo
(o teu corpo)
passa ao largo,
qual pássaro
em voo distante
de minhas mãos.


quarta-feira, 9 de dezembro de 2015

CANSAMOS QUANDO GOZAMOS?

Artemisia-Gentileschi

“O gozo fecunda. A tristeza dá a luz.” 
(William Blake)

Cansamos quando gozamos?
Ou experimentamos,
por breves momentos,
a plenitude reservada
aos deuses?


quarta-feira, 2 de dezembro de 2015

GOSTO DE TRATAR COM O TEU CORPO


Gosto de tratar
com o teu corpo
como a um objeto,
mas um objeto sagrado,
sendo só a mim sacerdote
(ou deus?)
permitido tocar-te.

Só a mim
o teu culto praticar,
sob as penas da morte.


quarta-feira, 25 de novembro de 2015

LOBO MAU



Não o reconhecemos mais
Pelas patas e focinho.
Seu jeito é másculo
e elegante
ou feminino e excitante.

Sua conversa:
picante, inteligente.

Ele pode estar ao seu lado,
discretamente,
como um gigante
entre gigantes.


quarta-feira, 18 de novembro de 2015

quarta-feira, 11 de novembro de 2015

QUE JOGOS MAIS INTERESSANTES!

Inos Corradin - Serigrafias Originais - Namorados Ic06
Inos Corradin

Que jogos mais interessantes!
Minhas mãos buscam
conhecer teu corpo,
tenho os olhos fechados,
não sei braile
mas te decifro
esfinge sexual.


quarta-feira, 4 de novembro de 2015

QUANDO COM MEUS LÁBIOS


Quando com meus lábios
beijo teus seios,
ficas arrepiada.

Será,
por cruel destino,
que tens alergia
à boca amada?


quarta-feira, 28 de outubro de 2015

QUANDO ME TENS, AMADA


Quando me tens, amada,
como me percebes?

Um símbolo freudiano
ou apenas teu homem
que bebes?


quarta-feira, 21 de outubro de 2015

APOCALIPSE - CANTO I



Quatro cavaleiros habitam meu coração:
                   Guerra
                   Peste
                   Fome
                   Morte.

Não sei se o fim está próximo
ou se o auge da vida se anuncia
             nestas auroras de ferro.

Mas, quando morrer o corpo,
que seja em sala com espelhos.

Quero arder,
gozar o momento da vitória final do guerreiro.

Quando morrer o corpo,
que seja em roupas brancas,
             limpas,
que a alma não sofra
com a sujeira ainda tão próxima.

Quando por fim apodrecer o corpo,
e todo prazer da morte for gozado,
que seja queimado

para que não haja lembranças terríveis.


quarta-feira, 14 de outubro de 2015

APOCALIPSE - CANTO II


A espécie não se perpetuará.
Os cogumelos atômicos
esperam apenas a primavera para desabrocharem.

Os homens morrerão
em super-hiper-overdose radioativa.

Pior,
a humanidade perecerá por sob a mão da humanidade.

A humanidade perecerá pelas mãos
das bestas.

Por sobre as nossas cabeças,
que olhos nos espiam impassíveis?

A humanidade não se perpetuará,

como também os vermes.


quarta-feira, 7 de outubro de 2015

APOCALIPSE - CANTO III


Por sobre as nuvens negras,
brilham as estrelas
(que longo tempo durará a noite,
astros infinitos?).

A Terra, rosa radioativa, chora.

 não há lágrimas,
apenas poeira.

De que valem lamentações sobre os escombros do muro?

Já não há esperança,
os cavaleiros marcham sobre todos
com suas armas.

Deus afinal escreveu a última cena de sua peça.
                                       
Comédia?

Quem terá pena de nós?


quarta-feira, 23 de setembro de 2015

LEITURA DO POEMA

Ler om poema
com olhos de gato,
à procura do que  não está.

Essa a função do leitor,
recriando o texto,
inflamando novo sopro à alma.

Eis que o autor
se renova a cada leitura,
a cada novo olhar crítico.

Eis que o poema se eterniza
como uma escultura em mutação
de cores, de formas, de conteúdo.




Musicada por Climério Filho
Gravada em 2002
CD "Maracatu pra ela"



quarta-feira, 16 de setembro de 2015

VITÓRIA


Desejar teu corpo, amada,
       como deseja o homem, eternamente,
       a liberdade.

Vazar teu corpo, amada,
       como a lança ao guerreiro
       em batalha.

Lutar com teu corpo, amada,
       em luta greco-romana
       e tu, vencida, te possuir.

Saciar-me em teu corpo, amada,
       como um sedento
       já nos braços da morte.



Musicada por Climério Filho
Gravada em 2002

CD "Maracatu pra ela"
https://www.youtube.com/watch?v=0QuAyo7vf5w

quarta-feira, 9 de setembro de 2015

IMAGENS


Flui o tempo por entre nossos corpos,
nada mais há que possa nos separar.

A chuva,
as vidraças salpicadas,
estes móveis, espelhos e músicas,
este quarto de hotel barato
são imagens que se diluirão
e que, para nós, não existem.

Só o tempo entre nossos corpos.

Só as tuas formas,
o teu calor,
a tua imagem final.

quarta-feira, 2 de setembro de 2015

O PRIMEIRO SENTIDO


Fazer de tua boca
      minha taça,
e nela beber o vinho de tua
       saliva,
de tua língua, de tuas sedes.

Um só gosto, um só paladar,
       nos tornaremos um só prazer.

Através de mimtu te sentirás.
       Explodirei em ti
       e me sentirei
       molhado, molhado, molhado
       até o afogamento.

Nos amaremos sobre as folhas
       que dançam a coreografia dos ventos.

A nossa dor será a dor da mãe
       que perde o filho.

sexta-feira, 28 de agosto de 2015

BATALHA


Há um oceano dentro de ti
       que não consigo vencer
       (as ondas, as correntes, as tempestades,
       o monstro que não existe...)
       com minhas braçadas de ferro.

Meus músculos cansam ao tentarem
                    dominar teu peito
                    a nado livre,
são frágeis ao te envolver.

Sou como o filho
       que não se fez,
o espermatozóide que não venceu
       a batalha
       no líquido materno,
       mar bravo.


sexta-feira, 21 de agosto de 2015

DO POETA E SUA FUNÇÃO

Resultado de imagem para homem um fruto

O homem poeta,
como a árvore que
dá frutos e alimenta
a fome orgânica,
alimenta com sua poesia
a fome de justiça
e do prazer estético.


sexta-feira, 14 de agosto de 2015

TESTAMENTO


Aos que tu herdares,
estes herdarão as tuas palavras,
as tuas palavras de ira e de docilidade.

Herdarão as tuas mulheres,
os teus castelos,
os teus desejos,
as tuas virtudes e os defeitos.

Herdarão as tuas guerras e a tua paz.

Herdarão teus caminhos de ida
e teus caminhos de volta.

Herdarão tuas tradições,
teus pecados,
teus deuses.

Serão o teu reflexo no espelho eterno.

Aos que tu deserdares
e aos bastardos,
a estes restarão cultivar a revolta,
e estes modificarão o mundo.

Serão como uma pedra atirada contra o espelho eterno.

sexta-feira, 7 de agosto de 2015

A PALAVRA, O POEMA


A palavra como o poema
te engravida, independente das estações,
como qualquer ser engravida,
como a barata imunda
ou a mulher bela de faces de seda.

A semente é a vida
com suas dores,
       seus destinos traçados
       por homens.

O fruto é a luta
- por que aceitar o sofrimento
       como um dom divino? –
expulsa do teu ventre as palavras,
assim nasce o poema
             que se dá ao povo.


sexta-feira, 31 de julho de 2015

POÉTICA IV


Não há mais clima para o Poema-Amor.

O momento é para cantar a vida,
o Poema-Vida,
e a vida é miséria e injustiças,
e mais miséria e torturas.

O momento é para o Poema-Verdade,
e a verdade
é esse país de famintos.

Não há mais clima para o Poema-Alegria,
o momento é para o Poema-Mágoa,
para o Poema-Tédio, o Poema-Murro.

O clima é para o Poema-Luta.

Abaixo o Poema-Poema!


sexta-feira, 24 de julho de 2015

EIS QUE VENHO SOLTO

Van Gogh

Eis que venho solto
vida adentro, ventre
com meus braços largos
num gesto tímido mas sincero.

Eis que o vento sopra
entre o mormaço quente
e a fria ausência
traspassando lento e sempre.

Eis que se anuncia o fim,
badaladas, acenos, lenços
e as paixões já resfriadas
cavalgam de leve as planícies.

sexta-feira, 17 de julho de 2015

DECLARAÇÃO


Só um porre para esquecer
a falta de lua
e a distância do teu corpo,
como as distantes estrelas
       em mutações.

Só um porre para esquecer
que entre mim e ti
há uma infinidade de razões
       medievais.

Que morra a inteligência
       e a razão.

Só tu e teu sexo.


sexta-feira, 10 de julho de 2015

O ESPELHO


Dispersos, caminhávamos de mãos dadas,
outras vezes apenas o olhar nos reunia.

O meu coração era como a mão do guerreiro,
eras tu a minha arma.

O guerreiro ama a sua arma
como um deus à sua criatura.

Eu te moldara dispersa,
por isso amavas o silêncio na sua essência
e nos seus mais vulgares momentos.

Dispersos,
caminhávamos livres, como se fôssemos
o fogo,
eternos como o pássaro fênix.

As tardes e seus tédios
não nos pertenciam,
tal a Via Láctea. 

Um dia paramos
e nos vimos defronte do Espelho
qual o Livro da Verdade.

Hoje as minhas mãos não tocam as tuas.

Oh pesadelo a existência!